vania clares escritora
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
BEM-AVENTURADA PALAVRA
Quisera alcançar a palavra
que inovasse a mensagem
trazida de um sonho de paz!
Que não fosse utopia de
poetas
que pensam só levitar nas
noites!
Quisera alcançar a palavra
que colaborasse para a
união
das pessoas iguais e
desiguais
de todas as terras do mundo
sem as barreiras que
inventam
e os valores que desagregam.
Quisera alcançar a palavra
que conectasse os corações
do indivisível ao todo,
do subjetivo a um só
objetivo.
E nela vencesse em
plenitude
a dimensão do fraterno amor
e brotasse uma canção
entoada a múltiplas vozes.
Enquanto não a alcanço
ensaio em poemas o que
busco
maturo e intensifico meu
desejo
hasteio minha bandeira
e ostento meus versos.
Que eles condensem e vibrem
a minha pretensão audaciosa
de por teimosia ou acaso
encontrar
a bem-aventurada palavra
terça-feira, 13 de junho de 2023
CORDEIROS DE DEUS
Em nome de quais pecados
os cordeiros imolados
sob os golpes dos algozes?
De quais leis se valem os
homens
para sangrarem a inocência
dos cordeiros indefesos?
Quais dirigentes cegos
portam
as notícias infames dos
dias?
De quais dias falamos e
qual futuro esperamos?
Que sinais são esses da
demência
impressa nos jogos dos
desafios?
Nada parece importar.
A humanidade agoniza sob
machadadas
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
CANTO SONHADO NAS RUAS DE SÃO PAULO
Ainda
cantarei teu encanto
menina de
ventre escancarado,
geradora de
promessas e anseios,
do acolhedor
colo violentado.
Ainda
buscarei teu encanto,
no asfalto
de ciladas movediças,
nas janelas
acortinadas, anônimas,
na entrega
volúvel, indiscriminada,
nas mãos
pedintes das tuas escadas,
nos rostos
calados, apressados.
Menina,
cidade de ruas mestiças,
o diverso te
persegue na metamorfose
e o absurdo
te retoca aceleradamente.
Miscigenas
cheiros, genes e cores,
fecundada
que estás, multifacetada.
Menina,
cidade de ruas latrinas,
tua reação heroica
comove,
teu
contraste irônico consola,
tua
contradição desproporcional
atenta,
indaga e atiça.
Menina de
alma desestruturada,
farta de
estilos, farta de raças,
do sonho
altaneiro, despojada,
teu encanto
é a tua garra onírica.
O que te faz
espelho, o que te sustenta,
é a teimosia
da tua sobrevivência.
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
PRIMEIRA NOTA DA NOSSA SINFONIA
não contes. Até descobrir-se
sorvendo aos goles
o que vem sem medidas:
a poesia, a emoção.
Que degustar seja um ato prazeroso,
delicado e na surpresa do gosto
se faça novo acorde para a sinfonia
que escrevemos na alma.
Imaginamos os movimentos,
ensaiamos os passos e a sintonia se faz,
intensa e farta. Reergue-se a vontade
e estamos atentos, leves, entregues
a este presente que dançamos agora.
Somos raros e privilegiados.
Existe música. E a ouvimos.