domingo, 2 de junho de 2013

DISFARCES



O olhar condensa a lágrima suspensa,
intuitivo recado disfarçado.
Um sorriso pode encerrar a dor
e a conformidade a aceitação,
como o cheiro avisa da chuva
e a claridade da estiagem.
Folheio páginas de trás para frente,
ordem única de compreensão.
Atenta ao que vem antes do gesto,
pressentindo o fato,
arrepio constante da adivinhação.
Rápidas deduções guardadas,
táticas de sobrevivência.
Pareço dormir no entanto.
Marcam os meus dias a obstinação, a sina:
na sequência do contrário sempre,
contento aparências,
enquanto nas noites, vivo.
E são atemporais as minhas noites
onde destilo e filtro os dias
preservando essências.
Somente assim gero a expectativa,
enquanto ainda me surpreender
a desfaçatez das descobertas
e enquanto me permitir o tempo.

 de "QUASE ARAGEM"