quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
E DEIXAR VIR...
Restou a
claridade inútil
de se saber
lesado por algo,
capacidade
para tolerar
erros e
perdas cotidianas
e a posição
quase imposta
de
assistente e pensador.
Restou ainda
vontade de falar,
fazer versos
sem rimas,
um sonho que
ainda não foi
e a
percepção de um olhar amigo
sem tolices
ou fantasias.
Restou agora
um tempo de não fugir,
de recolher
culpas e reminiscências
e deixar
vir... o que vier
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
CARÊNCIA
Que a vida nos proteja
e ampare nossa carência
e toda fragilidade seja
cuidada com decência.
Que seja tateada tal pétala
e não abatam o que sente
feito lixo, coisa anômala,
dispensável, incoerente,
exposto e discriminado,
vulnerável, confinado
na falta de condução.
Sozinho, contentável
com migalhas, restos,
à mercê do indubitável,
dos caminhos opostos,
da atenção permutável.
Que haja delicadeza
ao se tocar nos carentes,
não transfira rudeza,
pois existem precedentes
na lida do seu trajeto.
Se nada podes doar,
não o tornes objeto
até descobrir se bastar.