Jamais
será a mesma
a
minha leitura da tua,
o
que me ensimesma
é
o tanto que perpetua.
Sendo
mulher escancaro
meu
peito em devoção,
não
denuncio desamparo,
nem
dispenso a emoção
ao
que chega e é bem-vindo.
Vem
o sorriso instintivamente,
descortino
a energia fluindo,
correspondo
explicitamente.
Não
meço acima abaixo em olhares,
não
peso tuas moedas, sigo errante,
ouço
atenta se quiseres teus pesares,
concordo
em ser na cena a figurante,
não
limito espaços, não fixo morada.
Sou
estrela, sou afago, sou desafio
sou
acolhimento, mesmo ignorada,
sou
enfrentamento, luzeiro de pavio.
O
código recebido é certeiro
e
rápido, num olhar, intuitiva
na
impressão do toque sorrateiro,
percebo
argumentação efetiva.
Já
me conforma a tua ignorância.
Tudo
perdoo, possibilito, relevo,
nem
te engrandece a tua sapiência,
será
mais uma face que transcrevo.
Somente
me espanta quando vês tudo
com
desconfiança e como te agarras
ao
rancor impregnado. Não me iludo
com
o teu fastio, ostensivas amarras,
o
teu cenho cerrado, tua amargura.
Pelos
mesmos caminhos passamos
cientes
do que fere e transfigura
e
dos dias o quanto desperdiçamos.
E
bem enumero as flores esmagadas
entre
pedras e vendavais e pranto,
derramo
em poesias transmutadas
o
invisível quase abafado canto.
Colhes
o que é escolha de captação:
só
enxergas o espinho que craveja.
A
minha leitura de mundo é estação.
Aprenderás
melhor um dia, reveja.
Despe-te
do que te enganou,
terás
a lista do que te seduziu,
o
que no tempo infeliz soterrou,
e
a falsa língua que te traduziu
tão
perdidamente, erradamente,
a
mensagem preciosa da vida.