terça-feira, 26 de maio de 2015

TEMPORAL



Agradeço, mas não se atenham
à minha pseudo solidão
nem às evasivas respostas
quando ainda tateio morosamente.
Minha urgência ainda será tanta,
como foi e ainda é!
Somente ando de alma despida, afiada
e senão de mim virá o socorro,
o farol luzente, o aceno,
a bússola ao rumo do vir a ser.
Momento sazonal, assim como as estações.
Mas não me pesa nem me tolhe o acúmulo
dos insucessos (se forem)  
e do que deixo além,
porque também humildemente e radiante
presenteio-me  com pequenos louros
quando os mereço e sei.
Estampo-os no meu riso vez em quando
e na minha total insolência choro de emoção.
Saibam também, estou perto 
dos que me amam,
rendo-me aos que assim me têm,
nem mais nem menos diferente
dos que não me veem, vibro no silêncio
preencho-me de todos, transmuto!
Lanço a poesia, derramo aos puros,
aos iguais, aos que tem fome de vida
e aceito o desafio de ser partícula
em constante maturação (as palavras
cravam fundo, tem o poder de mil ações,
que sirvam a quem fazem sentido)
Confesso a mim mesma meus pecados
e me perdoo em algum tempo.
Sem tristezas, sem flagelos que me abalem
ou ilusões que me entorpeçam
tenho a coragem de me olhar
como criatura de um criador
e em mim ele está.

Do  livro
QUASE ARAGEM