Inevitável não enveredar pela dor,
enquanto gritos atordoam, latejam.
Vem à tona o agouro do terror,
vidas ceifadas, mães que rastejam
despejando lágrimas de porquês.
Cala-me ainda um
tempo que ronda,
remete aos cruéis mesmos enfoques
sem existir razão que responda.
A opressão dos ditadores na história
marcha contra a sublimidade do amor,
ocupa o flagelo cravejado na memória,
e todo rumor é recebido com temor.
Que resistam pertinazes nossas armas
não nos corrompa a impiedosa lança!
Mesmo carregando no peito estigmas
deixemos em tudo prevalecer a bonança,
empunhemos heroicamente a palavra.
Não ao assassino que espezinha projetos
do respeito à vida enquanto escalavra
de seus feitos diretrizes como dejetos.
Ressuscitemos com bravura a esperança,
não sucumba em nós o arrebatamento
da coragem que se alevanta e nos alcança.
Não aos que convencem pelo aviltamento!
Sobreviva o poder, a intenção renovadora
da poesia, guiando a ação pacificadora,
que vençam os homens de boa vontade
e nos cerque o desenredo da liberdade.