segunda-feira, 13 de julho de 2015

POEMA PARA ANA

Não mais a incomodarei...
Deixarei Ana na cadeira do dentista,
para que ela se atreva e não tema
enfim um novo sorriso.
Deixarei Ana nas estações do Metrô,
a divagar anonima, de  cabeça baixa
recolhendo  o que exala as multidões,
para suportar seus próprios passos
Deixarei Ana entre as primaveras
acácias e jabuticabas,
enquanto tenta esquecer alecrins.
Deixarei Ana e intermináveis palavras,
povoando as noites e os jardins
dançando nua pra lua,
quando apenas deseja amar.
Deixarei Ana sem espelhos,
na sua total falta de vaidade,
quando não lembra dos sonhos.
Deixarei Ana, que é também Penélope,
tecendo a história da sua vida
por caminhos íngremes e incertos.
Deixarei Ana retratar céu e mar
em seus olhos delatores,
para todas a cores do arco íris
de uma só vez desgastar.
Deixarei Ana adormecida
em seu próprio tempo,
para quem sabe acordar
ostentando asas de borboleta.
Deixarei Ana em si mesma,
cultivando o ventre do seu ventre,
enquanto germina uma outra Ana
na continuação da semente.
Não mais a incomodarei,
com meus amores e minhas histórias.
Não macularei seu tempo de casulo.
Farei silêncio de embrião,
enquanto espero Ana parir