segunda-feira, 16 de setembro de 2019

RISO DA FENIX



Retorno enfim e reticente ainda

à minha essência, tateando as cinzas.

Saudade de mim, precisei das raízes,

relembrei as histórias de tantas vezes,

olhei espelhos, chorei por dentro

algumas dores, livrei-me das vestes

que se acumularam com o tempo.

Na desmedida procura de mim mesma

só o teu abraço acalentou minha alma.

Reconheci-me quando pude rir sem medo

e então liberta se fez aurora dentro de mim.

Que eu seja capaz de amar como eu posso

todas as pessoas do mundo através de ti,

porque não sei mais de redomas que calam.

Nada será indelével sabemos.

Como também intensos os gestos

que anulam a razão, o que faz razão?

No balanço da emoção que aflora agora

nos deixamos guiar inocentes, leves.

Sobrevivemos na transparência

e aceitação das nossas não escolhas

e eu sei, temos tanto e muito ainda para viver.

Descuidemo-nos então, e que nos arraste

o riso solto no torpor da brisa das noites.