quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

TELE (DISTÂNCIA)



Tento exercícios telálgicos,
e pretensiosa que sou
quero arrancar a dor do teu peito.
Não perguntes por que.
Intimidam-se os poetas
com o aplauso e o louvor,
ao mesmo tempo em que almejam
a palavra tele cinética, na alma.
Busco apenas permissão e acolhida,
para eu entrar onde careça movimento.
(Porque no fundo é assim, e tudo passa,
com aragem ou ventania)
Sei que conseguimos sim,
abrir nossas janelas,
no entanto ostentamos telados reforçados
por inevitáveis resquícios telúricos,
das nossas muitas histórias.
(Esquecemos a emoção, a euforia,
os momentos fugazes?
Que tempestade arrastou o delírio da paixão
e também o desejo de ousar?
Que mornidão é essa
a que nos condicionamos?
O temor antes do amor?)
Poderia não recorrer aos parênteses
para encobrir a timidez,
a comprovar os nós atados,
e a nossa auto mordacidade.
Mas tem força alquímica
a intenção dos poetas
e enquanto inexistem em corpo,
à distância movem-se voláteis,
reinventando o lúdico,
vibrando o milagre da fênix.
Que aconteça um arrastão telepático
e nos permita fecundos, livres
para brindar a vida, enfim.
Quem dera houvesse a palavra sinérgica
de tal maneira, que ao pressentir- novo-,
teu passo ensaiasse  outro ritmo,
que ao ouvir-beijo-,
teus lábios umedecessem fartos,
ao sentir-aragem-,
tudo em ti
respondesse ventania