quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Vem assim de repente e sem aviso me toma, a saudade da gente. Saudade do amor sentido de forma apaixonada, desprendido. Lembrei deste poema, atemporal quanto Beatriz. Tudo perto e tão possível. Saudade também é amor.



Devoro quase uma pizza marguerita inteira, 
em tua homenagem. 
Penso, queria mesmo é te devorar. 
Vorazmente, sem manjericão.
Sentir teu gosto. Toda vez sempre desejo mais.
Orgasmos múltiplos, dirias. Na alma?
Pergunto, pergunto a mim mesma acho, onde estou.
Dentro, fora, te acompanho? 
Também canso das minhas perguntas.
Preciso tanto de sinais, de acolhidas na noite,
de um olhar bem-vindo, me ver através de.
Poderia me saber em ti. Impregnada.
Como me deixo impregnar. 
Cativeiro doce de pensamento e sensações. De tesão.
Tanto mais eu poderia ser.
Perder mais brincos, todos medos,
comer frutas de manhã, não fumar até meio dia,
te dar mais flores, mais cartões, limpar teu suor,
teu fogão, juntar teus papéis. Ouvir-te por horas.
Embarcar no teu sorriso, lembrar histórias, 
cuidar do teu sono, me enroscar no teu corpo,
te afagar, te abraçar no silêncio do depois,
quando nos permitimos antes. 
Esgotar de carinhos.
Ao som de Jobim, Chico ou Beethoven.
Tanto mais eu poderia, se quisesses.
Não como qualquer uma do acaso
que se faz acontecer. Choro agora. 
Leve-me para sempre, imploro,
Ensina-me a andar com os pés no chão,
eu te ensino a voar com mais poesia.
Ah, se eu pudesse entrar em tua vida.
Derrubar essas muralhas delimitadas
em pura defesa, raízes de lembrança.
Tocar pétalas, cuidadosamente.
Esquecer os desastres nas nossas mãos
e o quanto é perigoso ser feliz.
Aceitar o risco de nos termos.
Preguiça, canso. De ser paciente, de mim.
De não mostrar o quanto eu te quero.
E o quanto me prendo para não te assustar.
Para não falar de amor, de amor.
Não espere nada, concluo.
Esteja como puder.
Apalpo minhas pernas e sonho a vida em mim.
Fecho os olhos. Escuto meu nome em tua boca.
Estou.