sexta-feira, 25 de junho de 2021

SEMEADURA


 

 

No compasso de completa emoção

afoitos tateamos campos minados,

quando nos mostramos só coração

explodimos em riscos alucinados.

 

Como conduzirmos com temeridades

o que vem em avalanche imprevisível,

exibindo a luminescência das deidades

alimentando a esperança do possível?

 

Que altere a apatia das descrenças

a poesia que brota virgem e invade,

semeadura impulsionando alianças.

 

Por isso o destemor, a impetuosidade.

Dádivas incontidas, bem-aventuranças,

consentindo o amor em intensidade.

 



HERDADES


 

Escorre abundante em solitude

estranho e raro deslumbramento

quando me acerca de plenitude

a experimentação de fragmento.

 

Partículas absorvidas em refrãos,

distraídos lampejos longínquos,

passado quase presente, desvãos,

rastros das memórias, resíduos.

 

Largo-me então quando me vejo

obedecendo à essência dominante.

Destino-me ao legado que ensejo

sendo degrau, conexão ressonante.

 

E tu, que tão perto te avizinhas,

sabes de mim mais do que penso.

Percebe-me sábio nas entrelinhas,

no rol das palavras que condenso.

 

Recebe o que humilde te oferto,

nada sei de desfrutes póstumos.

Hoje, com nascente poesia flerto,

derramo em versos meus sumos.


ALTERNÂNCIAS


 

Viajo imprudentemente

entre sentidas paralelas

elegendo insanamente

acatar obtusas mazelas.

 

Dividem-me as escolhas.

Denso lado da realidade

marcam o voo dos dias,

memórias em perenidade.

 

Onde o fim do reflexivo

juízo do pensamento

resultando em paliativo

meio, discernimento?

 

Alterno para o reverso,

da sombra para a luz,

onde insiste disperso

anjo que me conduz.

 

A este que me ampara

agarro-me em sintonia.

Na junção divina e clara

há esperança de poesia.

 

E estúpida me desgasto

diluída em alternâncias,

da euforia ao nefasto

habito inconstâncias.


sexta-feira, 4 de junho de 2021

RAZÃO NA BERLINDA


 

Afastamo-nos sem ver razão

enquanto ao caos assistimos,

contendo-nos sem dar vazão

à vida que ousados insistimos.

 

Quiséramos o não envolvimento

ao que perece na baderna geral,

arrasta-nos só o indiscernimento

quando tudo se reduz a numeral.

 

Os anjos moram em quais estrelas?

De quantos amanhãs precederemos

ao defrontarmos evidentes querelas,

onde a crença para que honremos?

 

Sobrevive a entrega em simbiose

ao que ainda na alma nos pacienta.

Enquanto absorvemos por osmose

a oferta da dadivosa luz que alenta,

 

confiamos num celestial universo.

Em palavras, atitudes projetamos

e na essência todo mal é disperso.

Só com poesia a força resgatamos!