Posso te dar
palavras,
aquelas que
espantam
falsa e momentaneamente
os monstros
inventados,
os abismos
abertos
a toda passo
e direção.
Posso te dar
presença,
ternura, do
meu corpo
teu abrigo
na noite,
meu hálito,
o sumo
da vida que
me habita,
entranhas e
células
maduras a te
alimentarem.
Posso cantar
para te dormir,
vestir-me de
sereia, cigana,
arrastar-me
em fantasias
de menino,
voar teus vôos.
Só jamais
conseguirei
agasalhar a
solidão
da tua alma:
dor
incurável, indivisível,
inalcançável,
ardendo
única
no teu
universo.