segunda-feira, 30 de agosto de 2021

EXPERIMENTO


 

Fui docilizada a vida toda,

recebi métodos e fórmulas

para aceitar o que incomoda.

O todo dividi em súmulas.

Decifrei impertinentes jugos,

assisti ao embrutecimento

dos sentidos, os encargos

lançados, sem ponderamento.

Quero o tempo dos trilhos

armados antecipadamente,

não cabem em mim gatilhos

que dessensibilizem a mente,

nem a liquidez das passagens.

Quero o olho sincero no olhar

a desmistificar personagens

e do que tem a compartilhar.

Quero escutar a voz das almas

e oferecer o meu experimento,

comparar os colhidos sofismas

e absorver com discernimento.

Que eu tenha a justa medida

para o que aceno semelhante

e doe na poesia transgredida

o regaço, o bálsamo abundante.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

DAS VIRTUDES


 

Muitas vezes me entrava

o baque do constrangimento

que a perplexidade agrava.

Assisto ao desdobramento

da capacidade de muitos

ultrapassando os limites,

destilando reles intuitos,

na maldade, dementes.

Com persistência cultivo

negada inata virtude.

O mais impositivo,

o exercício da humildade.

Clamo o autoperdão

pela minha impaciência,

rastreio um  bordão,

calo na imprudência.

Tento a temperança

quando me deparo

com a liderança

dos tolos, descaro

dos dissimulados,

das superficialidades.

Reflexos desvelados,

faltam-me virtudes.

Quase sempre.


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

"AMOR FATI"


 

Já lutei contra o desalento

rebuscando nas energias

o que restou do tempo.

Larguei-me à correnteza

e perdeu-se emaranhado

o alcançado na incerteza.

É quase fruto massificado,

um quase furor entranhado.

Vivi, depois pensei.

Desisti de lemes e bússolas,

até as certeiras dispensei.

Supostas metas e pérolas,

cruelmente as abortei.

Hoje, aposso-me dos minutos

como brindes concedidos,

isolo os contra-argumentos

para os feitos transgredidos.

Resigno-me à aceitação

em macerar pensamentos,

é só mais uma estação

para ainda ousar intentos.


quarta-feira, 18 de agosto de 2021

ATÉ ONDE VAI?


 

A felicidade...

Ela está em nós.

Percebe-a?

A mesa posta, migalhas de pão,

seis horas, ave-maria.

A música de paz

ouvida no silêncio,

até o fim do caminho,

entre nossas lembranças.

O crepúsculo anunciando a noite,

os altos blocos frios

tingindo-se de rosa,

a rotina estendendo seus braços

e os rumos seguidos fielmente.

A parada necessária

para a pergunta guardada:

até onde vai o amor

para ser felicidade?


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

CIRANDA


 

Quando me descobri exultei,

Cresci em elevação e criei enfim!

Vi que em mim muitas histórias

estavam harmonizadas em luz:

um pouco de todas as escolhidas

para gerar a continuidade do amor.

Somos iguais, somos muitas,

hoje nos damos as mãos

e dançamos com alegria

e coragem a dança da vida!