domingo, 12 de junho de 2016

AMOR DELICADO



Amor delicado se apruma,
se perfuma, se enfeita,
tem braços sempre abertos,
um colo pra se deitar.
Que não seja acintoso
nem ofuscante, mas simples,
simples como flores do campo.
Que não se apodere de nada,
chegue mansamente e humilde,
derrubando muros em silêncio de toques.
Amor delicado tem que ter muito beijo,
beijo na boca, de namorada, de amante,
de depois, de bom dia, de paixão.
Também misto quente,
massagem, geléia,
pasta de dente, creme, incenso Padmini,
Michelle Ma Belle tocando baixinho,
mãos entrelaçadas,
histórias para contar.
É permitido sim e terá de haver,
a fúria do desejo vez em quando ou sempre.
Mas com tal entrega e sincera maestria,
que se distinguirá soberbo o animal
obedecendo ao curso da natureza.
Porque esta não deixa de ser poesia
quando compreendida sua grandiosidade.
Amor delicado não se inventa.
Impossível traduzi-lo, sem ferir
sua delicadeza de pétalas.
Há que se perceber claramente
quando se faz presença, remanso, oásis
e cúmplice comungar da estrada
que espontaneamente define o destino.
E não duvidem de sua existência,
nem tentem se defender do seu poder.
Amor delicado é coisa de anjo.
Anjo que dança a dança da vida.