domingo, 15 de junho de 2014

DECLARAÇÃO DE DIREITOS

Terás direito a cafés nas manhãs,
com pão e manteiga
 e toalhas brancas.
A ler jornal de pernas largadas
e a não ter pressa de levantar.
Terás direito a fazer amor
quando tiveres vontade.
Na relva quente, no meio da chuva
ou sob a luz da lua. Decretaremos
a liberdade além de quatro paredes.
A assistir filmes pornôs
ou futebol. Fingirei dormir
ou então, a um toque,
embarcarei na tua fantasia.
Terás direito a um último beijo
antes de alcançar a esquina,
envoltos em neblina, de mãos dadas,
estenderemos nossa meninice
 às multidões.
Terás direito a rir, ao compartilhar
complacente, extasiado, da alegria.
E a desfrutar de seus raios,
enquanto permanecer a cumplicidade
e a motivação dos sentidos.
Terás direito a ser o único,
porque isso não se obriga,
se sente, se sabe apenas.
A ter ciúme e brigar
quando me vires rodopiar
nos braços da ilusão.
Terás direito a pedir perdão
se acaso tentares um jogo
de sedução que não seja mútuo.
 De difícil e inatingível me disfarçarei,
para comigo brincares de conquistar.
Poderás contar tuas histórias,
ouvirei todas como primeira vez,
 colorir-me com flores do campo
 e violetas,
sem datas para comemorar, todas serão.
Terás direito a não ficar calado
quando eu chorar,
 abraçar-me ternamente
e saber que em ti fui buscar
o oásis e a tempestade da vida,
a harmonia e o desequilíbrio de amar.
Terás direito aos dois,
se for teu desejo me querer
do direito ao avesso.
E estranhados por estarmos
assim entranhados
por simplesmente bastar-nos felizes,
teremos mais do que direito a sermos.


Do livro
PLENITUDE


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