sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ALQUIMISTA


Agora ressurgi
das paredes espessas
da minha placenta
e já não me inibe
o cordão umbilical.
Cheio de coragem e ânsia
percorri o mundo
Feri, me feri,
armazenei dores,
tentei alegrias,
desci ao fundo do poço
tantas vezes
e tantas  me resgatei.
Talvez o bastante para saber
que o risco continua
e a magia de cada instante
permanece ao alcance
da nossa percepção.
Volto ao ventre
e recolho o tesouro
reservado desde sempre
no parapeito da minha janela.
Fortalece-me a lembrança
da água morna na pele
e a luz que inebriou os olhos.
Alimento-me ainda
pelo cordão invisível
de onde tu,  imutavelmente,
transfere-me a vida.
E humilde me resigno
à emoção sempre clara
que a cada toque me invade.
Agora rompi as paredes,
as paredes visguentas
da minha placenta
e curvo-me de agradecimento
a tudo o que já foi.
Não me limito mais.
Mesmo sendo dependente
do que partilharemos
em nossos dias.
Sonho ainda.
E a isto não renuncio.
Estou pronta.





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