Acostumaram-se aos poucos. De vinte a trinta, quarenta a cinquenta minutos, os banhos da mãe.
Cresceram
em tempo gradativamente, acintosamente. Aprenderam a não esperá-la para jantar
até a dormir sem vê-la.
Quando os problemas práticos e domésticos
se agravaram, é que veio a preocupação. Agora já resolviam sobre as contas a
serem pagas, o carro quebrado, o aumento do aluguel e a decoração da casa.
Veio o questionamento de cada um. Todos
responsáveis sempre cuidaram de suas vidas, seus caminhos. Por que o silêncio
da mãe, a sua pele cada vez mais branca, fina, transparente? Resolveram um terapeuta. Ao lhe comunicarem,
a mãe apenas disse: “É a placenta. Esqueçam". Apenas isso.
Na manhã seguinte a encontraram na
banheira. Sorriso doce e gélido. Não se espantaram com as mãos entre as pernas
encolhidas, costas curvadas. O que surpreendeu foi o líquido amniótico,
transbordando denso, escorrendo pelo chão.
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