Eu bem me lembro.
Vem como sonho, um norte,
um candeeiro de luz pálida,
brilhando bem menos
que a lua rodeada
de estrelas abundantes.
O casebre de paredes
caiadas, carcomidas,
um cheiro de ar seco
e o silêncio da noite
fechando o dia de sol
ardente.
Folhas esturricadas
estalando,
pingos dos suores da
labuta,
cigarras cantando.
Lembro do caramanchão
carregado de maracujás,
os jasmins amarelados.
Os chuchus resistindo
no verde em meio a
samambaias,
poças de esterco e
varejeiras.
Lugar de gente humilde eu
diria,
a simplicidade entendida
sem ambições ou revoltas.
Bastava quarar as roupas
embarreadas e um banho de
rio
para as 6 horas da
Ave-Maria.
A bisavó e a corcunda no
fogão
a lenha, o feijão com louro
e as crianças manchadas de
amora.
Não o visito, não tem no
mapa,
mas me lembro .
Encontra-se entranhado
na minha memória
em algum lugar no tempo.
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