segunda-feira, 25 de agosto de 2014

NO SAL DA NOITE





Adentro até minha parte insana
e encontro apenas respostas.
Parto tão breve como chego,
aparto-me o quanto me aproximo,
corto os pés nas lanças que espalho
deliberadamente, algoz e vítima
do meu próprio delírio.
Não desassocio a sede de vida
do meu estado de poesia
e faço alimento incondicional
o que retenho e me basta assim.
Incompleta e desajustada
agora recolho o vestígio do que sobra
e junto aos grãos acumulados,
protegidos por uma só crença
(de que será possível, será possível...)
Anestesio as feridas com o sal da noite
e me convenço, irá passar.  Durmo então.
Não descreiam os amantes,
nem desdenhem os tolos,
maturo o que despertará em tempo
e ainda gritarei como Maiakovski:
Ressuscita-me!  Nem que seja
porque te esperava como um poeta.
Ressuscita-me! Nem que seja só por isso.
Quero viver até o fim o que me cabe!

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