sábado, 23 de outubro de 2021

NA PERSEVERANÇA


 

Existiu obstinado um trajeto,

guia interno (assim nascido?).

Contra um desígnio abjeto

de perecer ao preestabelecido,

tal qual Prometeu me apossei

do fogo dos arrebatamentos.

Inebriada me arremessei

tola, a absorver desalentos.

No desvario dos impulsos,

busca a razão a prudência.

No íntimo, desejos dispersos,

envoltos em transcendência.

Deixei-me exposta à vontade,

à fome insaciável dos abutres,

lido às vezes com a insanidade

e com ímpetos transgressores.

Protejo-me então, autoaliança.

Cansei da atuação tolerante.

Não sendo Deus ou uma besta

norteia-me o ofício perseverante.

Uma resignação infinita que gesta

na escolhida solidão a temperança,

a renovação perene da esperança.


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