quarta-feira, 29 de abril de 2020

ANTES DO CAFÉ




Às vezes visualizo o espaço
entre nós acentuado, morno.
Tu, que ainda de gesto escasso
nem sequer conteve meu corpo,
segue menino desajeitado
nas asperezas se escondendo,
encolhido, com receio de tato
em vãs desculpas se perdendo.
Tu, que quase não me beija
e o meu toque estranhas 
saiba, há devoção que queima
e guia minhas entranhas
Que norteia todo o tempo
meus pensamentos como teimas,
só vejo o eterno sendo
pleno, quando viva me deixas
Será que de mim te lembrarás,
quando te chocar meu rosto?
Quais marcas dele fitarás
do real,  do passado, o oposto?
Tu, memória que ilumina
as alternâncias dos dias,
tem o tempo que domina
minhas agoniadas fantasias,
quando  todo te conheço.
Na estrada infinda forrada
de histórias antigas amanheço,
no úmido da chuva derramada,
sorrindo antes do café ...

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