quinta-feira, 6 de agosto de 2020

EM TEMPO

 

Ela coloria os rios,

montanhas e cordilheiras,

lia gramática francesa,

observava as constelações,

comia tomates com açúcar,

vestia a boneca de louça,

de amora manchava a roupa,

fugia de um beijo, corava,

calava e refletia.

Ela divagava no parapeito

da janela de uma casa

que nem dela era.

Não entrava nem saía,

nada sabia e tudo.

Das distâncias e diferenças,

dos homens e das prisões,

das terras ocas, das pedras

e dos passos seguintes.

Tudo soube e sempre.

O bastante para entender,

que o quanto se quis grande

é o tanto que se permite

agora ser criança.

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