Aprendi
muito cedo
a
considerar a sobriedade
ao
olhar nos olhos
e no
tom da voz
das
palavras despejadas
Aprendi
com ele
que
o silêncio nem sempre
significa
calmaria
e de
como se encobre
o
turbilhão da raiva
e
como se alavanca
tempestivas
iras
Aprendi
a anestesiar
para
sobreviver
e
que o corpo se move
às
vezes como obedecendo
a uma
programação imposta
não
pensada e da vontade
Aprendi
também
que
às vezes é mais do que preciso
obedecer
à interna sina
e
liberar a fantasia que sabes
ser
a tua própria real e sentida
E como
vale também o direito
de
desejar a alegria e dançar
o
ritmo que te lembra de vida
Aprendi
que o amor
não requer
grandes feitos
nem sequer
constantes gestos
Na cumplicidade
de um olhar
pode
se resumir o orgulho
e a
gratidão pelo que timidamente
não
se ousa vangloriar
Ele
não sabia dizer
mas
trazia nos ombros
caixas
com frutas e peixes
e caranguejos
vivos
vermelhos
como seu rosto
castigado
de gelo e sol
E um
dia chegou
com um
lobinho de borracha
colorido
e de assobio
que
durou até derreter
Ele
nem sabia dizer
mas quis
me ensinar os passos
de um
tango rasgado
e
carregava na carteira
uma
foto amarrotada
Quase
sem querer falava
filha
te amo
Nenhum comentário:
Postar um comentário