O que move a minha essência,
não delibero e nem negligencio,
às vezes acompanha a vivência
ou do que pousa em resquício.
(Cabe no sonho a perpetuidade
dos momentos, do tempo vivido,
do que foi intenso, da saudade,
no embaraço do suspiro vívido).
E enquanto penso que invento
mil alquimias que magnetizem
a sorte almejada como intento,
em vãs realidades se desfazem.
Ensaio à toa controlar devaneios
que brotam incisivos nos versos,
atados, camuflados, entremeios,
às vezes suplícios, ora remansos.
Escolho então desviar da indolência
e vibrar a alma solta em quereres.
Acato a poesia em plena conivência
esperançando meus alvoreceres.
Que haja fervor no que me abraça
mesmo nos passos inconstantes,
que jorre a palavra sem mordaça
mesmo que oscile em rompantes.
Nos fúteis planos que o desejo induz
resta o renitente dom que me sustenta.
No inesperado vislumbro o que traduz,
possível tormenta ou o que apascenta.
Não conceberam alquimia ou anestesia
para anseios d’alma no ápice da poesia.
Entrego-me à exaltação, em sinestesia,
deixo vir o que me arrasta e me extasia.
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