segunda-feira, 5 de julho de 2021

OSCILAÇÕES


 

O que move a minha essência,

não delibero e nem negligencio,

às vezes acompanha a vivência

ou do que pousa em resquício.

 

(Cabe no sonho a perpetuidade

dos momentos, do tempo vivido,

do que foi intenso, da saudade,

no embaraço do suspiro vívido).

 

E enquanto penso que invento

mil alquimias que magnetizem

a sorte almejada como intento,

em vãs realidades se desfazem.

 

Ensaio à toa controlar devaneios

que brotam incisivos nos versos,

atados, camuflados, entremeios,

às vezes suplícios, ora remansos.

 

Escolho então desviar da indolência

e vibrar a alma solta em quereres.

Acato a poesia em plena conivência

esperançando meus alvoreceres.

 

Que haja fervor no que me abraça

mesmo nos passos inconstantes,

que jorre a palavra sem mordaça

mesmo que oscile em rompantes.

 

Nos fúteis planos que o desejo induz

resta o renitente dom que me sustenta.

No inesperado vislumbro o que traduz,

possível tormenta ou o que apascenta.

 

Não conceberam alquimia ou anestesia

para anseios d’alma no ápice da poesia.

Entrego-me à exaltação, em sinestesia,

deixo vir o que me arrasta e me extasia.


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