quinta-feira, 4 de novembro de 2021

GLÓRIA


 

Glória é brindar a prima luz da manhã,

quando a noite concedeu-me a poesia

de beleza e de crueza, quase heresia,

recepcionada por minha euforia pagã.

 

Glória é relembrar o tempo passado

e ter consciência de que tudo vivido

foi intenso, e até o pouco dispersado,

decretei fiel como impulso absorvido.

 

Que me absolva a vida do que não fiz,

não condene outros pela culpa máxima

e não abdique de ser a sempre aprendiz

na utopia do perfeito ou de obra-prima.

 

Glória, permanecer nesse estado alfa:

tenso, sereno, constante e inconstante,

tão aproximada do que aquece a alma

e domina, transborda liberta, exultante.

 

E nesse compasso incerto e insano,

misturado no conformismo e glória,

comungando o divino e o profano,

sigo registrando a minha história.


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