segunda-feira, 2 de novembro de 2020

CHAMADO


 

Abertas, desveladas

as portas ao que vem

desmedidamente.

As emoções se deflagram

acintosamente

e as dores revolvem

o acúmulo do que sangrou

e nem sabe se quer ainda.

Acorda, lê sua alma, retém

o sentimento que insiste

enraigado e dolente.

Arranca as amarras

e defesas inúteis,

concede-se ao interno

e entorna a palavra.

Ao cumprir o feito

inebria-se, transpassa,

vibra, transborda

de amor gratuito e intenso.

Derrete geleiras absolvidas

sem máculas e culpas,

sem pecado original.

Na essência simbiótica

comungada absorvida,

imediata devolução.

A poesia detém o seu papel.

Prova o poeta da transpiração

entrega-se sem ressalvas

e pressente para o que veio! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário