terça-feira, 10 de novembro de 2020

SOPRO


 

Ainda estou entre.

De um louvado lado

enraizado no ventre

como fruto imaculado,

o que apascenta

e promove esperança,

o que luz acrescenta.

Do outro a esquivança,

o que vem e aniquila

a carne e a vontade,

o desalento destila

e gera a insanidade.

Sem drama no entanto,

voragem que arraste

ou me provoque espanto

pelo efeito que transveste.

—Corporifico-me ao entre

e mesclo clarão e agonia,

crio o ponto que concentre

o ápice de uma só sinfonia—

Colho a consonância enfim.

Da palavra, a poesia imantada.

Deus ainda sopra em mim,

permaneço encantada.


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