domingo, 15 de novembro de 2020

RAÍZES


 

Tudo se repete.

No asfalto giram as massas

e os sons avisam no cotidiano.

Nas faces se expressam

deuses mortos e despedaçados.

Respiro os fatos que são hoje

e resta expelir o ontem lembrança.

Os sinos continuam gozadores

e as pernas são subestimadas

inevitavelmente pelo tempo.

O poeta que me habita

é alimento e castigo.

Ah, se eu pudesse

ser só pensador, sem ter sono,

só poeta, sem cansaço,

sombra, sem corpo,

não partilhar, nem lembrar

uma raiz atolada

na mera consciência humana.

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