sábado, 5 de dezembro de 2020

EU SER


 

Não, já não te espero

com igual ansiedade

primitiva de quem tem pressa.

Resta-me uma calma

que não é paz, nem fúria,

nem fim, nem tormento.

Estando só, até penso:

acostumei aos murmúrios

que vêm lá de fora, da noite.

Sei ainda, serão diversas

as horas em que faltará

o afago da mão amiga.

E tu, coisa ou ser indefinido

da motivação da espera,

sei, não és amor nem morte.

Talvez o desejo de no final

contemplar-me - Eu Ser –

para encontrar nada

ou então descobrir o universo.

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