terça-feira, 22 de dezembro de 2020

DOR FRATERNA


 

Diviso em mim sentida fraternidade

mesmo quando me intimam a calar

quando me arrasta a adversidade

e vem premências em mim plainar.

 

Pouca coisa mudou, ainda assisto

muita inconsciência e só descaso

e diante disso me afasto, subsisto.

Em lágrimas converto, extravaso.

 

Imperam os contrastes absurdos,

mesas fartas e estômagos vazios,

há vidas miseráveis, rotos fardos,

crueldades explícitas dos gentios.

 

Consagro-me à dor consternada.

A poesia busca alento, esmorece

na comiseração aflita, carregada,

a meta da paz ansiada obscurece.

 

Estado de maturação, fragilidade.

O verso caminha no seu reverso,

penso-me vã, em vulnerabilidade

extravio-me num vale desconexo.

 

Permaneço fraterna em vibração,

rogo aos céus que amem os seus,

compassivamente peço em oração

que em todo ser habite um Deus


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