Diviso em mim sentida fraternidade
mesmo quando me intimam a calar
quando me arrasta a adversidade
e vem premências em mim plainar.
Pouca coisa mudou, ainda assisto
muita inconsciência e só descaso
e diante disso me afasto, subsisto.
Em lágrimas converto, extravaso.
Imperam os contrastes absurdos,
mesas fartas e estômagos vazios,
há vidas miseráveis, rotos fardos,
crueldades explícitas dos gentios.
Consagro-me à dor consternada.
A poesia busca alento, esmorece
na comiseração aflita, carregada,
a meta da paz ansiada obscurece.
Estado de maturação, fragilidade.
O verso caminha no seu reverso,
penso-me vã, em vulnerabilidade
extravio-me num vale desconexo.
Permaneço fraterna em vibração,
rogo aos céus que amem os seus,
compassivamente peço em oração
que em todo ser habite um Deus
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