terça-feira, 1 de dezembro de 2020

NADA POR ACASO


 

Para quem eu quero ser amiga, peço:

não te espantes com intensidades,

só sei de entregas totais.

Porque reconheci e divisei

a aura que te colore magnética,

entre muitas estradas e estrelas

não devo, porque não quero,

deixar que flua despercebida

sem que nela eu delire.

Não te espantes com a emoção

que vem jorrada constante limpa.

É o meu modo de levitar

e enxergar através de muros e disfarces,

num voo ainda de gaivota aprendiz.

Nem quando me isolo e choro

em estágio embrião, sou casulo

e sei que vou nascer, verás.

Nem te inquietes com meus silêncios,

é um defeito não saber falar

e a aparecer com folhas escritas.

São retratos completos da minha alma.

Para quem eu quero ser amiga, aviso:

é preciso que sejas capaz

de captar pedidos de socorro,

cheiro, tato de desejo,

um riso solto na noite

ou um olhar triste, na multidão

de fantasmas e fumaça.

E que me bastará um afago,

um abraço, uma canção

e tudo terá resposta

com a mesma ou maior densidade.

É preciso que saibas também

que não te farei herói,

porque há muito desisti de inventar

orgasmos e brinquedos,

porque acredito ainda na magia

de desnecessárias premeditações

e na explosão das possibilidades,

como pode ser esta agora

de te chamar amigo.



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