A todos eu penso que perdoei
neste meu caminho incauto.
Tantas vezes em muito destoei,
abati-me, deixei-me conduto
do alheio fel, ferida a ferro e fogo.
Perdoei os que me enganaram
e verteram palavras em sumidouro,
sem hesitar, falsos me trocaram
por meras trinta moedas de ouro.
Os que beijaram a minha face
com lábios gelados e secos
os que pretenderam um enlace
e se perderam em botecos.
Ácidas palavras me cobriram
e antevi a cruel perversidade.
Já perdoei dores e desamores
despejados em mim sem piedade.
Inescrupulosos se refastelaram
na minha inata docilidade.
Já perdoei os que provocaram
a ira, o grito, meus temores.
De todos escondi as covardias
e doei amor com permissividade.
Só a mim não logrei perdoar.
Nem dos inconscientes atos.
Com a máxima culpa a atordoar
carregarei até abstratos fatos
além do fim dos meus dias.
Que me permitam cair dos céus
reparação, salvação que valha,
o ensejo de dispersarem os véus
e não tornar a mágoa uma muralha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário