segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

BRINDE


 

Renda-se e beba do meu copo,

partilha tudo sem receio,

toma sem pedir meu corpo,

suga dominante meu rumo

e muda com um sorriso

um caminho errante, meu rumo.

Te permito invadir temores,

meu tempo, meu pranto,

se fazer irrecusável direção

para quem como eu, abraça ilusões.

Te permito invadir-me

e descobrir quente estio

na transparência do orvalho.

Depositado, ficará à tua mercê

o casulo do que hei de ser,

a ânsia e o conflito nas noites

e, também, a calmaria e o repouso

de um guerreiro farto de orgasmos

desperdiçados em solo pedra.

Beba do meu corpo,

suga meu sumo encoberto,

arranca essa mágoa, esse medo,

resgata-me,

pois extravasa e escorre

a vida em mim.


do livro Do Parapeito Vital

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