sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

INIQUIDADE


 

A cada seis minutos

uma partida. Vem de amigos,

filhos, irmãos, ininterruptos

soluços inibidos de afagos.

A cada seis minutos

forçosas duras despedidas,

corações perdidos em lutos

por sementes desprendidas.

A cada seis minutos

a validação da fragilidade.

Pela imposição dos brutos,

os seres em vulnerabilidade.

A cada seis minutos

sangra um peito agoniado,

estuário de fatos propostos,

sequelas do ódio irradiado.

A cada seis minutos,

a constatação vil do poder,

lançando embustes funestos

para a perversidade esconder.

A cada seis minutos

a insensatez mostra o escárnio,

da irresponsabilidade os frutos

dos quem pregam o extermínio.

A cada seis minutos

vários Pilatos lavam as mãos,

o mal espalha seus produtos

determinando esforços vãos.

A cada seis minutos

o desfecho, a dor, o desespero,

avalanche de sonhos proscritos

e vidas valendo menos que zero.

A cada seis minutos

a urgência de propósitos absolutos.



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