A ti, que passaste por mim,
delego o meu melhor sorriso
consentido em todas as horas
(Não te contarei da tristeza,
guardada a sete chaves
nas entranhas ressequidas)
A ti, que passaste por mim,
transfiro o exasperado fervor
a entregas sem medidas
(Não declararei os recuos,
nem os caminhos tortuosos
e os inconfessáveis ardis)
A ti concedo sem medo
a nudez despudorada
da alma perpetuamente
reciclando e renascendo,
a fé cega nos amanheceres
(As mortes, as levarei comigo.
Incensarei todas as noites
em vigília de exorcismo)
Na querência de plenitudes
corri contigo e pousei suores
em virgens leitos e em pétalas
depositei o calor do alento.
Ouvi e absorvi tuas agonias,
por isso te nomeio herdeiro.
Permite que o meu desejo
se imponha ao teu próprio,
e com a minha sede beberás
e toda a fome será saciada
com o frenesi que pede a vida.
A ti, que passaste por mim,
ostentarei copiosas palavras
prolongadas em desatino,
cravadas em redundância.
Todo êxtase será perdoado.
O fruto inegável, o âmago,
o vivido e o quimérico
do amor gravado no coração,
a ti confiro integralmente.
Eu mesma deserto,
desabito aparatos,
já me abortei de mim.
Eternizo agora em ti.
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