Os homens criaram mitos
para o que ainda se ignora.
Do caos ao cosmos,
nada vem do nada
e nada volta ao nada,
apenas diziam.
Atribuíram a Physis
à água, ao ar, ao infinito,
onde tudo se cria
e se transforma, infinitamente.
Os bem pagos dominaram
a retórica e a oratória
até o sábio propagar
infindáveis indagações.
Ele, mesmo sabendo
que uma vida irrefletida
não valia a pena ser vivida,
mesmo assim confessou
humildemente nada saber.
O revolucionário esbarra
na essência das coisas e decreta:
a verdade está no mundo
à nossa volta. Viva a ética,
a lógica, a moral, a metafísica!
Logo a necessidade urgente
para se encontrar o equilíbrio
entre a razão e a fé,
na arte fazer valer o amor,
os seres impondo aos seres
a convivência entre os iguais
e a aceitação das diferenças.
Todos ainda buscando o Bom,
O Bem, o Belo e o Justo.
Nas suas polis e psiques
por séculos e séculos,
guerras e declarações,
descobertas e invenções,
capitalismo selvagem,
muros, pestes, destruições,
fome e bombas de hidrogênio.
A razão se adapta
ao mundo dos sentidos
e o homem ainda é marionete
das suas próprias convenções
entre a liberdade e o poder.
Da evolução do mito
às sombras das cavernas,
na divina comédia
das tentativas universais
de se obrigar e fazer valer
os direitos humanos,
ainda imperam as perguntas:
quem eu sou e o que faço aqui?
De onde vim, para onde vou?
O que ainda restará para sonhar
a nossa vã filosofia?
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