domingo, 11 de outubro de 2020

EVOLUÇÃO


 

Os homens criaram mitos

para o que ainda se ignora.

Do caos ao cosmos,

nada vem do nada

e nada volta ao nada,

apenas diziam.

Atribuíram a Physis

à água, ao ar, ao infinito,

onde tudo se cria

e se transforma, infinitamente.

Os bem pagos dominaram

a retórica e a oratória

até o sábio propagar

infindáveis indagações.

Ele, mesmo sabendo  

que uma  vida irrefletida

não valia a pena ser vivida,

mesmo assim confessou

humildemente nada saber.

O revolucionário esbarra

na essência das coisas e decreta:

a verdade está no mundo

à nossa volta. Viva a ética,

a lógica, a moral, a metafísica!

Logo a necessidade urgente

para se encontrar o equilíbrio

entre a razão e a fé,

na arte fazer valer o amor,

os seres impondo aos seres

a convivência entre os iguais

e a aceitação das diferenças.

Todos ainda buscando o Bom,

O Bem, o Belo e o Justo.

Nas suas polis e psiques

por séculos e séculos,

guerras e declarações,

descobertas e invenções,

capitalismo selvagem,

muros, pestes, destruições,

fome e bombas de hidrogênio.

A razão se adapta

ao mundo dos sentidos

e o homem ainda é marionete

das suas próprias convenções

entre a liberdade e o poder.

Da evolução do mito

às sombras das cavernas,

na divina comédia

das tentativas universais

de se obrigar e fazer valer

os direitos humanos,

ainda imperam as perguntas:

quem eu sou e o que faço aqui?

De onde vim, para onde vou?

O que ainda restará para sonhar

a nossa vã filosofia?

 

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