Em constante defesa de preservação
converto
a revolta em força.
Lateja na cabeça a
mesma tecla gasta
enquanto modelo o
que absorvo.
Como um rato em cela
de laboratório
numa programação
insana e inútil
rodo
desesperadamente em círculos.
Não me cabe mais o
que recolho
- fica o
reconhecimento de luz -
não mais comporto o
que assimilo
- despejo num
sorriso de compaixão -
Ah, como eu queria
de longe observar
a atuação dos
tiranos e dos pobres...
Perdoo-os sim, menos
a mim mesma.
De que me ajuda
situá-los
num mundo vasto,
pródigo de ínfimos
valores?
De que me adianta o
êxodo
de minhas crenças,
de meus desejos?
Quem me dita o
sacro-ofício de servir?
Quem me dita fingir
que aprendo
esse jogo
incoincidente e vil?
Socorre-me Espírito,
unta-me com óleo
sagrado
para que eu possa me
arrastar
por entre lanças sem
sangrar.
Dá-me o
entendimento, a remissão,
tenho as duas faces
e o coração feridos.
Pois que aumenta
mais
a minha máxima culpa
de participar, de
estar, de pactuar
com tanta miséria
humana.
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