quarta-feira, 8 de julho de 2020

DESATINO



Como se parte?
No fundo já fincamos
fatal lança que arde
e silêncios choramos

Nosso coração aflito
consagra-se ao fel
junto ao descuido maldito
do abandonado ao léu

Como se parte?
Se desatinados já declaramos
fartos desejos pra descarte
e na desordem adentramos

Percebe o desacerto?
Não existe propósito
para o que se fez deserto
no percebido insólito

Voltemos ao tempo.
Quem sabe achemos o fio
arrebentado no tento
vago ao negar o desafio

Inútil e perdido decreto
para o que já foi largado
sem anúncio concreto
e lentamente estagnado

E me perguntas ainda:
como se parte?  Mais dói
ao pretenso cego; o que finda
agora é só parte do que já foi


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