quarta-feira, 1 de julho de 2020

NOTÍCIA



Menino preto
menino pobre
julgado desafeto
na miséria que lhe cobre.
Descartado
feito escória
alvo perpetrado
sem estória.
Menino preto
menino pobre
na porta de casa, objeto
fora de lugar, inobre.
No colo de seus pais
na inutilidade das vidas
somente números banais
de infâmias evolvidas.
Na lama, sem futuro
de pátria improvida,
sem destino, sem agouro
injustiça pelo poder calada
pelo bem sucedido
de atitude dissimulada
coberta pelo desatino
de uma bandeira simulada.
A quem cabe teu destino?
A quem incomoda tua pontual
presença no noticiário matutino
o que já é desumanidade usual?
Menino preto
menino pobre
menino dejeto
Que a dor jamais lhe dobre!

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