sexta-feira, 24 de julho de 2020

O SER POETA



Fascinante como funciona a ideia subjetiva do ser poeta!
Faz suas as dores do mundo. Antes de si, o outro.
O uno como parte do todo, a comunhão 
que tanto se propaga, se almeja, se vivencia. 
O uno que não existe sem o outro. Repleto de compaixão recusa-se a sentir enquanto não absorver o que lhe rodeia, enquanto não triturar a pedra e devolver cristal.
Ele não é o centro. É o que contém, o que matura, o que abrange, o que devolve, o que aparentemente pretensioso se isola às vezes para não ferir (aguardem, 
vou processar e transmutar a dor, ressuscito talvez nas palavras,ou me suicido quem sabe
o que recolhe todo o objetivo coletivo e faz dele o subjetivo.
E enquanto o eu se manifesta,
vários eus compartilham o pensamento:  
“Eu sou, como nós somos”...
Eu deixei-me transparente cordão,
o mesmo que desde embrião
me une a todos.
Eu, a primeira pessoa
contendo consentidamente
– tu, eles, nós”

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