sábado, 18 de julho de 2020

METAMORFOSE



Na luz do ocaso retenho
do dia o resquício
das indagações contidas
das mudezes compelidas
do tanto desperdício.
No corpo mantenho
retalhos de cores
fragmentos de dores
acúmulo de pudores.
Reservamos para quando
a vida que urge, as sentenças
nas incertezas do tempo
impedindo presenças
impelindo ao lamento?
Armazeno, reciclo tudo cultuando.
Aguardo as manhãs luzidias
que raiarão imperiosas e intensas
por sobre todas as coisas.
Acato desejos fugidios
preencho pensares vazios
abraço rumores vadios.
Largo-me sem rumo aos ciclos,
na mescla da noite os estímulos.
Confundem-se céleres
e misturam-se em simetria
embriaguez e cárceres,
em leveza e dismetria,
na ânsia e complacência,
no torpor e veemência
em revolta e aceitação
em animo e confusão.
Invade-me a luminescência.
Cumpro-me acolhimento
consinto-me sementeira,
escora, farol, avivamento.
adubo, vindima, alimento.
Reúso o que sorrateira
recolho do que concede.
Diluo em poesia a essência
o que da luz de todos excede.


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