quarta-feira, 31 de março de 2021

NUNCA MAIS


 

Inevitável não enveredar pela dor,

enquanto gritos atordoam, latejam.

Vem à tona o agouro do terror,

vidas ceifadas, mães que rastejam

despejando lágrimas de porquês.

Cala-me  ainda um tempo que ronda,

remete aos cruéis mesmos enfoques

sem existir razão que responda.

A opressão dos ditadores na história

marcha contra a sublimidade do amor,

ocupa o flagelo cravejado na memória,

e todo rumor é recebido com temor.

Que resistam pertinazes nossas armas

não nos corrompa a impiedosa lança!

Mesmo carregando no peito estigmas

deixemos em tudo prevalecer a bonança,

empunhemos heroicamente a palavra.

Não ao assassino que espezinha projetos

do respeito à vida enquanto escalavra

de seus feitos diretrizes como dejetos.

Ressuscitemos com bravura a esperança,

não sucumba em nós o arrebatamento

da coragem que se alevanta e nos alcança.

Não aos que convencem pelo aviltamento!

Sobreviva o poder, a intenção renovadora

da poesia, guiando a ação pacificadora,

que vençam os homens de boa vontade

e nos cerque o desenredo da liberdade.


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