sexta-feira, 26 de março de 2021

REPETITIVO


 

Da janela espiando a chuva

molhar as plantas,

eu e tanta solidão.

O som, cadenciado ou não,

que importa, mania vã

de musicar os ruídos.

Tento acompanhar

o movimento da folha pintada.

Não dá, é lento demais

para minha ansiedade.

Quinze de dezembro

tudo se parece.

Não tem ano,

é igual a dez, a mil...

Engasgo, quero vomitar,

quero chorar, entrar no ralo,

afundar na terra.

Acenderam uma lâmpada

em algum lugar.

Sorrateiro, fecho a janela,

quieto, com perguntas perdidas,

esmagadas, guardadas.

(Tão fugitiva e cruel essa minha alma).


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