terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

CORAÇÃO DENEGRIDO



Ah coração! Subjugado

ao partir do seu próprio

e tantas vezes enganado

no mero rumo simplório,

guiado no senso comum.

Será coerente e correto

que se submeta a um

jugo absurdo e direto

do exato conhecimento,

do lógico, quando busca

explicações, discernimento,

quando a mágoa ofusca?

Fazer valer sentimentos,

quiçá alcançar plenitude,

dependerá de argumentos

alheios a sua explicitude?

Cabem todas as respostas

no seu ritmo descontrolado

à margem de feridas expostas

no ilimitado desejo imolado.

Que exploda e padeça latejante

quando será mais que suportar,

mesmo que se curve rastejante

e se negue heroico a desertar.

Mesmo assim, até quando

Deus permitir vive somente,

desvirtua ânimos pontuando,

cumpre o trivial, o premente,

enquanto pulsar o que lhe cabe.

Somente o coração pode perseguir

a luz libertadora que ele sabe

na sombria escuridão distinguir.

 

  

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