sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ARRIMO


 

Para a poesia de Thiago de Mello

 

Por mais que a palavra dor

crave no peito feito lâmina,

por mais que deserdados,

calados e na própria terra

apunhalados e exilados,

por mais que nos espreitem

nas esquinas do mundo

e nos encharquem de enganos,

nem por isso deixaremos

de cantar nem de plantar

girassóis nas sombras.

E nem será desacreditada

a claridão da manhã,

Aprendemos com as luzes

da escuridão e dos sonhos

e no caminho dos ventos.

A nossa escolha será a mesma

com a verdade que nos tocou.

Levem-nos pela mão os meninos

e nos arrastem os sorrisos ternos

de amor inflamado nas auroras.

Preparemos amanhãs.

Ainda habita no coração a liberdade

viva e transparente da poesia

sempre em permanente ebulição.


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