terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

NO OLHAR


 

Adentro por essa porta,

convite aberto

do teu olhar.

Tateio ainda,

misto de medo e ansiedade.

Espantada pelo acaso (?)

nos permito

degustar o momento

com percepção de detalhes,

o arrepio incontrolável

que magnetiza sem escolha.

Também me guiei

na multidão

num reconhecimento

de transparência.

E estranhas

porque te vejo além?

Meio bicho, meio anjo,

menino, homem, poeta,

entregue, inteiro.

Adivinho o tato

e disfarço o descompasso

desordenado da emoção.

Penso no inevitável,

meu rosto moldando teu riso,

teu desejo me iluminando,

ressuscitados

nessa louca simbiose.

Adivinho o abraço

depois do voo altaneiro

que cruzará a noite.

Pressinto a aurora.

E nos percebo desde já

fatalmente calcificados

nos nossos olhos.


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