quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

LICENÇA



 Meus poros, meus olhos,

a angústia de momentos

que esvoaçam na memória,

ora cortando, ora cobrando.

Minhas mãos, minha garganta,

a pureza de um tempo

sem discernimento e sem retorno.

Meu corpo, eu inteira

preciso chorar, explodir

essa melancolia engasgada,

deixar de ser covarde, renascer

sem receio de ferir o mundo.

Preciso olhar no espelho,

acordar em mim mesma

a força esquecida ou anulada

recolher as cartas do jogo,

contar os pontos,

respirar auroras sem névoas,

respirar auroras sem medos,

se me derem licença,

se me derem licença

 

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