terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

DANÇA SELVAGEM


 

Não estranhes a fúria do meu beijo.

É de bicho em cio que desperta

ao cheiro

e não lhe detém o espanto

ante a ousadia.

É de corpo em mudança de estação

discernindo folhas estéreis,

pressentindo o fruto exposto

e germinando pétalas ao entardecer.

É dança selvagem teu nome

na minha boca,

e te aprendo me reaprendendo,

reacendendo em gesto,

descobrindo o passo.

Não estranhes a fúria do meu beijo.

Desejo não é ferir teus lábios,

mas sugar da tua alma o desejo,

aflorar mais além, sentido,

para que sentir não seja apenas breve.

Quero desenhar-me no teu peito,

mesmo me vendo assim, breve.

Pois nosso tempo é agora,

delineando contornos, contrastes,

escolhas que ainda temos,

o que ficará.

Não estranhes a fúria do meu beijo.

É de quem sente mais

do que pede a marca de um momento.

É de quem entrega mais

do que pode a fúria de um beijo.

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