Não estranhes a fúria do
meu beijo.
É de bicho em cio que
desperta
ao cheiro
e não lhe detém o
espanto
ante a ousadia.
É de corpo em mudança de
estação
discernindo folhas
estéreis,
pressentindo o fruto
exposto
e germinando pétalas ao
entardecer.
É dança selvagem teu
nome
na minha boca,
e te aprendo me
reaprendendo,
reacendendo em gesto,
descobrindo o passo.
Não estranhes a fúria do
meu beijo.
Desejo não é ferir teus
lábios,
mas sugar da tua alma o
desejo,
aflorar mais além,
sentido,
para que sentir não seja
apenas breve.
Quero desenhar-me no teu
peito,
mesmo me vendo assim,
breve.
Pois nosso tempo é
agora,
delineando contornos,
contrastes,
escolhas que ainda
temos,
o que ficará.
Não estranhes a fúria do
meu beijo.
É de quem sente mais
do que pede a marca de
um momento.
É de quem entrega mais
do que pode a fúria de
um beijo.
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