segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

PRETENSO ALCANCE


 

Nos devaneios das altas noites

encantam-me divinas miragens,

colho frutos de sinais inocentes

mas impelem-me às paragens.

 

Dispersa-me o efetivo que vejo.

Como isolar a luz em redomas

quando alinhados em cortejo

seres se perdem em dilemas?

 

Paralisada no ponto suspenso

distende o tempo em sincronia,

quando em vão o sonho pretenso

sobrevive altaneiro em sinfonia.

 

Inevitável agonia! Miro o verso

e imagino uma ponte que alcance

nos gelados corações um acesso

e esbarre porventura de relance.

 

Cegos, semimortos, impenetráveis,

surdos, se prostram nas escadas

dos templos de causas execráveis

enquanto jazem palavras calcadas.

 

Quem dera a poesia transformasse

as dores do mundo, transmudasse

o que é desavença em harmonia,

em amor generoso o que aturdia.

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