quarta-feira, 27 de maio de 2020

ASSENTIMENTO



Aceito o voo rasante
na quebrada das ondas,
o derradeiro sol do dia,
as luzes multicores
no horizonte ao longe.
Aceito as gotas do orvalho
descansando sobre a terra
onde meus pés afundam
margeando direções
sem garantia de acertos.
Aceito a fé que me ampara
e se faz viva a cada manhã.
Porque infindas e incessantes
serão as dúvidas e mistérios
que borbulham no inconsciente.
Aceito a dor que me toma
e compõe a diversidade
de lidar com desafios
cotidianos para lapidar
em mim o discernimento.
Aceito a degeneração dos corpos
enquanto cresce a permissão
de apreender com intensidade
o que ainda não alcançaram.
Aceito a regeneração dos sentidos,
enquanto toda a percepção
volta-se para o mais que perfeito.
Aceito o que me domina
sem convencimento de nada.
Sentindo simplesmente
na liberdade dos dias,
com emoção e cuidado,
a fecunda oferenda da vida.
O adágio escolhido e consentido,
o absoluto amor que me habita.

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